Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
Eugenio de Andrade
21 comentários:
Lola, gosto imenso deste texto do Eugénio. Uma vez usei-o, com uma turma desmotivada (do curso em geral) para os espicaçar; parece que funcionou
;-)
abraço
É uma das formas de estar, de ser, que mais me assusta. A indiferença.
O não sentir. A quebra de todos os fios invisiveis.
Bom dia, Lola!
E beijinhos (com o café da manhã)!
Eugénio de Andrade quase sempre tão luminoso, aqui magoado, quase assustado. E com razão
Apodrecidos não,
prestes a transformar-se noutra coisa...
uf!
Também gosto imenso deste poema.
Às vezes andamos tão ocupados e tão fora do tempo, que envelhecemos, tristes por nunca ter encontrado o que esteve sempre ao nosso lado.
Beijos grandes
Arabica,
A indiferença tem a ver com uma vontade de não ver.
Este poema é mais não ter noção do que está ao nosso lado e não sermos capazes de ver.
E depois é tarde e já passou:(
Beijos grandes
Arabica,
E mais beijinhos, com a minha descoberta de Mokachino acabado de beber:)))
Justine,
É a tristeza de quem vê o momento invisível...
Beijos grandes
Emma,
E "nada se perde, tudo se transforma..."
Mas esta mudança de forma ou de estado de alma, pode doer
Beijos grandes
Pois acho que a boa "coscuvilhice" é uma forma de viver inteiro até ao fim.
Mesmo através da visão do pormenor.
A partir do momento em que se aprende a ver, a reparar nos pormenores, nasce a curiosidade e a curiosidade leva ao entendimento, nem que seja aproximado, das coisas.
E este Ver transforma-se num vício que alimenta o viço.
Pode ser uma forma de encanto. Uma palavra, uma nota de música, uma folha, um gesto, um movimento... Uma borracha que se não apaga, pelo menos desvanece a morte ou a podridão.
O que aborrece é não ter tempo de vida, nem de horas nem de espaço nem de memória, para Ver mais coisas.
Quando o meu corpo apodrecer, logo Verei como Vejo as coisas, porque ao longo da vida também a visão se vai transformando. É natural desde que imune à morte, ou seja, ao desinteresse.
Grande beijinho:)
Se eu ficar com uma lagrimita no canto do olho, a culpa não é do Eugénio - mas da Lola... também... ah! o saco lacrimal precisa de ser testado, para ver se funciona!
Bjs
Um dos poemas mais marcantes de EA.
Muito forte e muito real.
Como muita gente anda assim.
Bela foto.
Beijos
Lola,
O poema também fala de indiferença. E, como dizes, de alheamento, ou seja, alienação. Não ver o que está ao nosso lado porque passamos e não vemos, não temos tempo nem hábito de ver, não responder aos apelos, mesmo que os ouçamos (e alguns ouviremos) por indiferença, que tanto é vontade de não ver como falta de vontade de ver.
Isto é o que eu lá vejo - e outras coisas mais, naturalmente.
Bela imagem para acompanhar. Da escolha nem preciso falar, pois não?
Beijinho.
Lola,
o não ter a noção do que está ao nosso lado, o não ter a capacidade para sentir o apelo, é muito, muito triste. Vidas ocupadas, mentes ocupadas, corações ocupados quem sabe magoados, feridos e cegos e depois...um dia, é noite e está frio...um tão grande frio...
A esta hora...café não.
Que tal um chocolate quente?
Com pózinhos de canela?
E mais beijinhos.
Lola, minha querida, ainda estou à espera que aceites o meu convite para escrever no blog Quase Sexo.
:)
Hum, e se eu pedir por favor?... ;)
Obrigado por teres publicado um texto de um dos meus poetas preferidos
beijocas
Querida Lizzie,
Pois eu tenho uma confraria do chá, que regularmente se reune para coscuvilhar:))
Acabamos sempre às gargalhadas:)))
Mas estar atento,ver o Amor que nos rodeia, seduzir...
É bom .
Beijos grandes
Mia,
As nossas lágrimas são de tanta loucura à hora do chá:)))
Mas a Amizade, a alegria ( mesmo quando estamos mortas de cansaço), são o melhor que nós temos.
Beijos grandes
Alien,
Como tu me entendes.
É bom este estar junto e ver sempre tudo.
Beijos grandes
Mocho,
Que bom que tenhas gostado.
Eu ando um pouco afastada, mas estou a voltar devagarinho
Beijos grandes
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