Há 10 anos
25/01/2010
Aquilo que de verdadeiramente significativo podemos dar a alguém é o que nunca demos a outra pessoa, porque nasceu e se inventou por obra do afecto. O gesto mais amoroso deixa de o ser se, mesmo bem sentido, representa a repetição de incontáveis gestos anteriores numa situação semelhante. O amor é a invenção de tudo, uma originalidade inesgotável. Fundamentalmente, uma inocência.
Fernando Namora, in 'Jornal sem Data'
6 comentários:
...reinventada -ainda que com dificuldades várias- ao longo do caminho, a espontanea inocência do amor...
Um beijinho, Lola, boa semana :)
Lola,
"O gesto mais amoroso deixa de o ser se, mesmo bem sentido, representa a repetição de incontáveis gestos anteriores numa situação semelhante."
Com isto não concordo. Se é bem sentido... não será a repetição que lhe retira o carácter amoroso. Se assim pensasse, deixaria de telefonar...
Nem parece do mesmo autor que definiu a intimidade resultante do amor através da imagem da rapariga que foi buscar o isqueiro ao bolso exacto onde o rapaz o tinha - gesto certamente repetido.
Com o resto já concordo, naturalmente. Acima de tudo, gostei muito da imagem com que ilustras o post e daqueles eternos "João e Maria", que conheço de algum lado :)
Beijinhos.
Mas cada gesto de amor é sempre único - não é?
Olha, já agora, aí vai um abraço:))
dar o que nos impele para mostrar o nosso afecto
Gosto muito deste texto:)
Beijos
Talvez amar seja sentir uma pessoa como absolutamente única e insubstituível. Talvez um estado calmo, mas não necessariamente inocente, entre a necessidade e o conforto.
A invenção e a inocência, talvez sejam paixão. Aí sabe-se pouco e inventa-se o que se quer ver, escondendo-se as diferenças do que não se ajusta nem nunca se ajustará.
Por isso estou de acordo com o Alien: se a repetição não fôr ritual, feita de gestos obrigatórios e maquinais, é um gesto de amor. Porque pode implicar cumplicidade, encontro, segredo, um mundo único e comum.
Se isso fôr tido como monotonia ou sentido como cansaço, é porque já existem muitas monotonias e cansaços atrás desses gestos repetidos.
Ou seja, para cada efeito há sempre uma causa.
Acho eu.
Beijinhos, Patatita
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