Há quem diga que a tradição já não é o que era, mas em Portugal há
tradições que ainda perduram.
Uma delas é o "Pão por Deus", que tem passado de geração em geração.
Na manhã do dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, as crianças juntam-se em pequenos grupos e vão pedindo de porta em porta: "Pão por Deus"
Embora a cantilena varie de região para região, o objectivo é sempre o mesmo: encher o saco de guloseimas.
Com o passar da manhã os sacos vão-se enchendo de rebuçados, frutos secos, bolos e outras gulodices.
Há mesmo quem ainda mantenha a tradição de fazer broas ou o tradicional Bolinho para dar, nesse dia, às crianças.
Originalmente as crianças traziam sacos de pano, muitas vezes bordados.
Esta tradição está relacionada com uma das muitas tarefas agrícolas: a desfolhada, que ocorria algumas semanas antes do Dia de Todos os Santos.
Nessa altura já havia farinha acabada de moer e a oferta do tradicional Bolinho ou das broas às crianças era uma forma de agradecer a toda a comunidade a ajuda na colheita e preparação do milho.
E então cantava-se:
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À porta da bela cruz, truz, truz…
A senhora está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de vir à porta
P’ra nos dar um tostãozinho ou um bolinho.
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À porta da bela cruz, truz, truz…
A senhora está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de vir à porta
P’ra nos dar um tostãozinho ou um bolinho.
Se a porta se abria e recebessem a oferta:
Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Aqui mora algum santinho.
Aqui mora algum espantalho.
Aqui mora algum papão.