31/10/2009

Dia das Bruxas, Dia de Todos os Santos, Pão por Deus...




Há quem diga que a tradição já não é o que era, mas em Portugal há
tradições que ainda perduram.
Uma delas é o "Pão por Deus", que tem passado de geração em geração.

Na manhã do dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, as crianças juntam-se em pequenos grupos e vão pedindo de porta em porta: "Pão por Deus"

Embora a cantilena varie de região para região, o objectivo é sempre o mesmo: encher o saco de guloseimas.
Com o passar da manhã os sacos vão-se enchendo de rebuçados, frutos secos, bolos e outras gulodices.
Há mesmo quem ainda mantenha a tradição de fazer broas ou o tradicional Bolinho para dar, nesse dia, às crianças.

Originalmente as crianças traziam sacos de pano,
muitas vezes bordados.


Esta tradição está relacionada com uma das muitas tarefas agrícolas: a desfolhada, que ocorria algumas semanas antes do Dia de Todos os Santos.

Nessa altura já havia farinha acabada de moer e a oferta do tradicional Bolinho ou das broas às crianças era uma forma de agradecer a toda a comunidade a ajuda na colheita e preparação do milho.


E então cantava-se:

Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À porta da bela cruz, truz, truz…

A senhora está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de vir à porta
P’ra nos dar um tostãozinho ou um bolinho.


Se a porta se abria e recebessem a oferta:
Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.

Esta casa cheira a vinho
Aqui mora algum santinho.


Se não:


Esta casa cheira a alho

Aqui mora algum espantalho.

Esta casa cheira a pão

Aqui mora algum papão.





25/10/2009

Amigos...






A melhor prova duma real amizade está em evitar os compromissos entre aqueles que se estimam.

Ainda que devendo muito aos que muito me louvam, eu não quero ser-lhes obrigada pela gratidão.

Mas sim grata porque estou com eles, devido a circunstâncias que a todos nós agradam e são um laço mais entre nós, sem constituírem um dever.

Eu pretendo dizer da amizade o que Diógenes dizia do dinheiro: que ele o reavia dos seus amigos, e não que o pedia.

Pois aquilo que os outros têm pelo sentimento comum não se pede, é património comum.

Neste caso, a amizade.


Agustina Bessa-Luís, in 'Dicionário Imperfeito'

19/10/2009




Há pequenas impressões finas como um cabelo e que, uma vez desfeitas na nossa mente, não sabemos aonde elas nos podem levar. Hibernam, por assim dizer, nalgum circuito da memória e um dia saltam para fora, como se acabassem de ser recebidas. Só que, por efeito desse período de gestação profunda, alimentadas ao calor do sangue e das aquisições da experiência, temperadas de cálcio e de ferro e de nitratos, elas aparecem já no estado adulto e prontas a procriar. Porque as memórias procriam como se fossem pessoas vivas.

Agustina Bessa-Luís, in 'Antes do Degelo'

15/10/2009




Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossivel,

Há sem duvida quem não queira nada.



Tres tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possivel,

Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...

Fernando Pessoa

10/10/2009

Estou zen...





Recomeça… se puderes,

sem angústia e sem pressa

e os passos que deres,

nesse caminho duro do futuro,

dá-os em liberdade,

enquanto não alcances não descanses,

de nenhum fruto queiras só metade.



Miguel Torga

06/10/2009

De férias à chuva...


03/10/2009

E a gripe...




Do À la long...