Há quem diga que a tradição já não é o que era, mas em Portugal há
tradições que ainda perduram.
Uma delas é o "Pão por Deus", que tem passado de geração em geração.
Na manhã do dia 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, as crianças juntam-se em pequenos grupos e vão pedindo de porta em porta: "Pão por Deus"
Embora a cantilena varie de região para região, o objectivo é sempre o mesmo: encher o saco de guloseimas.
Com o passar da manhã os sacos vão-se enchendo de rebuçados, frutos secos, bolos e outras gulodices.
Há mesmo quem ainda mantenha a tradição de fazer broas ou o tradicional Bolinho para dar, nesse dia, às crianças.
Originalmente as crianças traziam sacos de pano, muitas vezes bordados.
Esta tradição está relacionada com uma das muitas tarefas agrícolas: a desfolhada, que ocorria algumas semanas antes do Dia de Todos os Santos.
Nessa altura já havia farinha acabada de moer e a oferta do tradicional Bolinho ou das broas às crianças era uma forma de agradecer a toda a comunidade a ajuda na colheita e preparação do milho.
E então cantava-se:
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À porta da bela cruz, truz, truz…
A senhora está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de vir à porta
P’ra nos dar um tostãozinho ou um bolinho.
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À porta da bela cruz, truz, truz…
A senhora está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de vir à porta
P’ra nos dar um tostãozinho ou um bolinho.
Se a porta se abria e recebessem a oferta:
Esta casa cheira a broa
Aqui mora gente boa.
Aqui mora algum santinho.
Aqui mora algum espantalho.
Aqui mora algum papão.
8 comentários:
Olá! Lola Linda
Ontem fartaram-se de me bater á porta:=)
Espero que hoje esqueçam a minha campainha:=((((
Beijocas
OLá Lola!
Ora aqui está uma bela tradição, hoje variável segundo a geografia! Sim, desta vez já contribuí para as "bruxinhas" e os "bruxinhos" :)
Sempre muito bem ilustrado, o texto.
Os saquinhos são deliciosos e os versos também. Lembro-me muito bem de alguns :)
Beijinhos.
Lola, olá!
Este post veio mesmo na hora... Gostei.Na minha zona, os putos andavam num correpio meterem medo uns aos outros. Divertiram-se isso sim, pedir, não vi nada! Bjs Mia
Aqui na aldeia foi uma festa todo o santo dia, com os grupos de crianças a entrarem pelo jardim gritando "oh tia dá bolinho". E eu dei! E recebi das senhoras da aldeia,cumprindo a tradição antiga, tal como tu descreves no teu post.
Que bom é "regar" as raizes...
Nas aldeias pode ser engraçado, mas nos prédios é horrível, porque estão sempre a tocar à campainha e a fazer barulho!:(
Beijos
ola Lola,
pesso perdao pela minha ausencia, mas finalmente a exposiçao k estava a organizar ja abriu, e as minhas preocupaçoes passaram.
agora é voltar aos livros e as aulas, visto que a universidade ficou para traz nestas ultimas semanas.
passo entao para deixar um Oi, e como se costuma dizer por aqui, largar um pouco de charme...LOL
Querida Lola,
pois pela primeira vez, não tive ninguém a bater-me à porta! :(
Retrato de uma rua de bairro lisboeta envelhecido, onde não há crianças a brincar?
Retrato de uma cidade que não lembra as raízes?
Tenho um saquinho desses. :)
Já o utilizei para guardar as molas da roupa, agora, já muito gasto, dorme lavado e passado a ferro, numa gaveta.
E, minha querida,
como nesta casa cheira a broa,
e tenho a certeza que é casa de gente boa, não peço guloseima atrasada, mas deixo um xi-coração.
:)
Lola, obrigada por nos levar a reviver esta tradição.
Havia um outro dístico que também era usado e que me incomodava (ainda que eu goste de pensar que o meu sangue é árabe); era um dístico anti-semita, que começava por «esta casa cheira a breu»; as crianças nem se apercebiam do que estavam a dizer, mas é assim que se transmitem os preconceitos.
Gostei dos saquinhos.
abraço
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