23/11/2009


Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.


Eugenio de Andrade

21 comentários:

uf! disse...

Lola, gosto imenso deste texto do Eugénio. Uma vez usei-o, com uma turma desmotivada (do curso em geral) para os espicaçar; parece que funcionou
;-)
abraço

Arábica disse...

É uma das formas de estar, de ser, que mais me assusta. A indiferença.
O não sentir. A quebra de todos os fios invisiveis.

Bom dia, Lola!

Arábica disse...

E beijinhos (com o café da manhã)!

Justine disse...

Eugénio de Andrade quase sempre tão luminoso, aqui magoado, quase assustado. E com razão

Emma Larbos disse...

Apodrecidos não,
prestes a transformar-se noutra coisa...

Lola disse...

uf!

Também gosto imenso deste poema.

Às vezes andamos tão ocupados e tão fora do tempo, que envelhecemos, tristes por nunca ter encontrado o que esteve sempre ao nosso lado.

Beijos grandes

Lola disse...

Arabica,

A indiferença tem a ver com uma vontade de não ver.

Este poema é mais não ter noção do que está ao nosso lado e não sermos capazes de ver.

E depois é tarde e já passou:(

Beijos grandes

Lola disse...

Arabica,
E mais beijinhos, com a minha descoberta de Mokachino acabado de beber:)))

Lola disse...

Justine,
É a tristeza de quem vê o momento invisível...

Beijos grandes

Lola disse...

Emma,

E "nada se perde, tudo se transforma..."

Mas esta mudança de forma ou de estado de alma, pode doer

Beijos grandes

Lizzie disse...

Pois acho que a boa "coscuvilhice" é uma forma de viver inteiro até ao fim.
Mesmo através da visão do pormenor.
A partir do momento em que se aprende a ver, a reparar nos pormenores, nasce a curiosidade e a curiosidade leva ao entendimento, nem que seja aproximado, das coisas.

E este Ver transforma-se num vício que alimenta o viço.

Pode ser uma forma de encanto. Uma palavra, uma nota de música, uma folha, um gesto, um movimento... Uma borracha que se não apaga, pelo menos desvanece a morte ou a podridão.

O que aborrece é não ter tempo de vida, nem de horas nem de espaço nem de memória, para Ver mais coisas.

Quando o meu corpo apodrecer, logo Verei como Vejo as coisas, porque ao longo da vida também a visão se vai transformando. É natural desde que imune à morte, ou seja, ao desinteresse.

Grande beijinho:)

mia disse...

Se eu ficar com uma lagrimita no canto do olho, a culpa não é do Eugénio - mas da Lola... também... ah! o saco lacrimal precisa de ser testado, para ver se funciona!
Bjs

wind disse...

Um dos poemas mais marcantes de EA.
Muito forte e muito real.
Como muita gente anda assim.
Bela foto.
Beijos

Alien8 disse...

Lola,

O poema também fala de indiferença. E, como dizes, de alheamento, ou seja, alienação. Não ver o que está ao nosso lado porque passamos e não vemos, não temos tempo nem hábito de ver, não responder aos apelos, mesmo que os ouçamos (e alguns ouviremos) por indiferença, que tanto é vontade de não ver como falta de vontade de ver.

Isto é o que eu lá vejo - e outras coisas mais, naturalmente.

Bela imagem para acompanhar. Da escolha nem preciso falar, pois não?

Beijinho.

Arábica disse...

Lola,

o não ter a noção do que está ao nosso lado, o não ter a capacidade para sentir o apelo, é muito, muito triste. Vidas ocupadas, mentes ocupadas, corações ocupados quem sabe magoados, feridos e cegos e depois...um dia, é noite e está frio...um tão grande frio...



A esta hora...café não.
Que tal um chocolate quente?
Com pózinhos de canela?
E mais beijinhos.

Pedra Coração disse...

Lola, minha querida, ainda estou à espera que aceites o meu convite para escrever no blog Quase Sexo.

:)

Hum, e se eu pedir por favor?... ;)

Mocho Falante disse...

Obrigado por teres publicado um texto de um dos meus poetas preferidos

beijocas

Lola disse...

Querida Lizzie,

Pois eu tenho uma confraria do chá, que regularmente se reune para coscuvilhar:))

Acabamos sempre às gargalhadas:)))

Mas estar atento,ver o Amor que nos rodeia, seduzir...

É bom .

Beijos grandes

Lola disse...

Mia,

As nossas lágrimas são de tanta loucura à hora do chá:)))

Mas a Amizade, a alegria ( mesmo quando estamos mortas de cansaço), são o melhor que nós temos.

Beijos grandes

Lola disse...

Alien,

Como tu me entendes.
É bom este estar junto e ver sempre tudo.

Beijos grandes

Lola disse...

Mocho,
Que bom que tenhas gostado.
Eu ando um pouco afastada, mas estou a voltar devagarinho

Beijos grandes